Eu não sou a minha irmã
Vou
contar um caso antes de continuar o texto. Bem, a minha irmã, um ano e tantos
meses mais velha que eu, sempre teve talento para desenhar, sempre criativa e
tem o dom de transformar até o própria grafia em arte – não é a toa que
escolheu Design –, extrospectiva, sempre foi bagunceira também e mamãe brigava
todas as vezes por causa disso. Já eu sempre fui mais organizada e quietinha.
Tinha a minha bagunça, mas era tudo dentro de mim, então ninguém podia ver e
muito menos brigar comigo.
Sempre
achei lindo gente que desenhava e admirava muito que irmã conseguisse
transformar tudo ao seu redor em arte. Por diversas vezes me peguei tentando
desenhar, mas nunca conseguia. Os traços saiam todos tortos. Teve um dia bem
engraçado: ela desenhou o rosto de Jesus e fiquei encabulada, como alguém
conseguia desenhar daquele jeito? Fui lá escondido, peguei o desenho dela,
peguei uma folha branca, lápis, borracha e comecei a desenhar. O resultado
ficou horrível, mas mesmo assim tirei foto dos dois desenhos e postei no
Instagram. Todo mundo riu e fez piada, até mesmo eu. Morria de vontade de saber
desenhar croqui de moda, mas nunca consegui e ela sim. Queria desenhar na minha
própria letra, mas não importava o quanto treinava, nunca ficava bom e a mão
dela sempre deslizava com facilidade no papel para desenhar seja o que for. Mas
o que eu não sabia e, só fui descobrir algum tempo depois, é que eu já quis ser
ela.
Oh,
não é inveja não viu? Longe disto. Era admiração mesmo e ainda é. Quando
finalmente entendi esse sentimento dentro de mim, cheguei a questionar o que
era e não gostar das coisas para o qual eu tinha talento, na época achava que
não tinha talento algum. Mas eu sempre soube lidar bem com as palavras, só que
eu não queria só saber escrever, queria algo além disso, afinal de contas, a
grande parte das pessoas que conheço não gostam de ler e como eu poderia
mostrar o meu talento para elas? Sempre menosprezariam.
Até
que um dia eu entendi.
Descobri
que, enquanto minha irmã transformava tudo ao seu redor em arte, eu
transformava tudo ao meu redor em poesia e poesia também é arte. Foi nesse
momento que aprendi a valorizar o meu talento e fazer dele o meu sustento, para
a alma. Muitas pessoas gostam de poesia também, é só questão de valorizar o que
faz que as pessoas também vão valorizar.
Tem
essa frase da Anne Frank que diz: “eu sempre reclamava de não saber desenhar,
mas agora me sinto feliz por saber escrever” nunca fez tanto sentido na minha
vida.
Acredito
que essa história de admirar alguém não pode passar disso: admiração. E que não
devemos nunca querer ser outra pessoa na vida, afinal cada um é único e possui
um talento especial. Se você não sabe qual o seu ainda, não se preocupe, breve
descobre. É só questão de assumir quem é sem medo.
1 comentários
Bem verdade, "esta história de admirar alguém não deve passar disso: admiração."
ResponderExcluirFalou tudo!!
A propósito: também não sei desenhar, rs
beijoo,
Dressa
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