Texto antigo: Num café
Mas um dia a gente se encontra em uma rua qualquer e você me convida para um café que fica na próxima esquina no qual costumávamos nos encontrar. Pedimos o de sempre e o clima de nostalgia nos acompanha. Você me observa enquanto mexo o saquinho de chá dentro da xícara e isso é sinal de que a vergonha passou por mim e ficou. E percebemos que nada mudou, quero dizer, eu e você mudamos, mas o nós de nós dois juntos, isso não mudou nada. E de repente começamos a rir porque estamos pensando exatamente sobre isso e estamos nervosos. Mordo os lábios. Mais um sinal o que indica meu nervosismo por estarmos ambos calados. E você coloca sua mão em meu queixo fazendo com que meus dentes soltem meu lábio inferior, como fez inúmeras vezes antes.
E de repente começamos uma conversa desenfreada por lembranças que somente nós conhecemos. E já não falamos mais do passado, mas o que queremos do futuro. Percebo que continua querendo formar em engenharia e você ri por eu ainda sonhar em ter meus livros nas prateleiras das bibliotecas e livrarias. Isso te faz lembrar da promessa que fiz sobre escrever nossa história e confesso que falta apenas alguns capítulos, mas terei de acrescentar mais um para contar esse encontro inesperado que tivemos.
Depois de outros dois anos, estamos aqui. Queria acreditar que as coisas não mudaram tanto, mas mudaram e mesmo parecendo o contrário somos pessoas diferentes agora. Temos os mesmos planos, mas de uma forma mais madura. O silencio paira sobre a gente e ao te olhar encontro em seu pescoço a corrente que te dei de presente no seu aniversário. Você afirma que nunca a tirou desde nossa ultima conversa e sempre que te perguntam dela você diz apenas que é algo especial. Não sei como reagir quanto a isso e tentando mudar de assunto pergunto sobre sua mãe. Você diz que ainda continua citando meu nome a toda discussão que vocês têm e que talvez até hoje ela não tenha aceitado nosso fim. Eu dou risada disso, porque só ela agiria assim. Você entorta a cabeça para o lado e dá um sorriso, dizendo que esse som é o mais lindo que já ouviu. Volto a mexer meu chá.
Te pergunto sobre as garotas e você diz que namorou uma, mas não durou três meses, ao questionar o porque, você apenas me responde que não era ela. Tenho a impressão que sua resposta quer dizer mais do que aparenta, mas não digo nada. Você continua contando que ficou com muitas meninas depois que terminamos, mas com o tempo tudo foi perdendo a graça. Já eu conto que fiquei na minha durante um tempo, tentando me adaptar a nova rotina, mas depois comecei a sair com algumas amigas e encontrei uma nova forma de encarar a vida. Digo sobre os caras, que não namorei outro e nem quero por agora, brinco que estou na lei do desapego, só para não confessar que não quero correr o risco de me machucar novamente, porque as feridas antigas ainda estão abertas.
Olho o relógio, vejo que já se passaram duas horas e meia e realmente preciso ir. Você me passa seu numero e eu o meu a você. Agradeço pelo chá, pela tarde e pela conversa. Antes de ir, você me compra um bombom, o de sempre de alguns anos atrás, agradeço mais uma vez. Nos despedimos, você me acompanha até a porta do café e eu vou embora sem olhar para trás.
Enquanto caminho ouço meu celular tocar indicando uma nova mensagem. Ao olhar sorrio: “A melhor tarde que tive desses dois anos, obrigado. Podemos repetir?”.
Esse é um daqueles textos antigos em que a gente se apega. Encontrei ele relendo alguns. Escrevi essa crônica para publicar no site Elas Disseram do qual sou colaboradora.
14 comentários
Que lindoooo!!!!!!!!!!!! Dá aquela sensação de saudade de alguma coisa que você as vezes nem sabe o que é! Adorável!
ResponderExcluiramei!
www.fashionworldbykaren.com
Que texto lindo!! hahaha Adoro textos que deixam um gostinho de quero mais e esse certamente deixou!!
ResponderExcluirBeijos.
http://feemeninas.blogspot.com.br/
Que lindo!
ResponderExcluirTambém me apego em alguns textos antigos assim, todo mundo tem seus favoritos né?
beijão, Ana do dia
Muito bom o texto, da aquele sentido de refletir sobre algo.
ResponderExcluirMixação | Um blog teen para quem pensa mix.
Nem descrevo o que tô sentindo depois de saber que não sou a única que escreve esses textinhos bestas que parecem meus filhos.
ResponderExcluirLeitora nova, yayyyy
http://readaptar.blogspot.com/
Adorei o texto,escreves tão bem.
ResponderExcluirwww.londonfashionblog.com
Você é uma ótima escritora, porque esse texto ficou profundo, envolvente e cheio de sentimento. Me fez transportar para o local e ver a cena :)
ResponderExcluirwww.vivendosentimentos.com.br
Adorei o texto,bem elaborado haha
ResponderExcluirBeijos Blog Hora do Chá
Ameiii que lindoooooo
ResponderExcluir<3
beijos blogdaxavier.blogspot.com.br
Parabéns pelo texto, ficou legal.
ResponderExcluirbig beijos
Que texto maravilhoso, até me emocionei!!!! Você escreve muito bem! Parabéns!
ResponderExcluirBeijos, http://cupcakedegarotas.blogspot.com.br/
Ai, tô sensível hoje e achei esse texto a coisa mais amorzinho que já li hoje. Esse final foi muito lindinho e sei lá, alguma coisa em mim se viu muito nesse texto. Gostei muito!
ResponderExcluirLa Diabolique - Fan Page
As vezes a nostalgia me pega e de ler esse texto, juro que passou um filme na minha cabeça. Eu acho que duas pessoas podem ser feitas para ficar juntas, terem terminados e ficarem mil anos sem se falar, mas se elas realmente forem pra ser, elas se reencontram. Lindo texto!
ResponderExcluirUm beijo,
www.meianoiteequinze.com.br
Awn, que texto lindo. Muito fofo!
ResponderExcluirbrazilianvogue.com.br
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